A relação entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, ficou estremecida após o ministro evitar anunciar a demissão do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, durante uma entrevista coletiva.
Ao contrário do esperado, Lupi saiu em defesa de Stefanutto e assumiu ser o responsável por sua indicação ao cargo.
A decisão de demitir o presidente do INSS foi tomada por Lula ainda na manhã da quarta-feira (23), com a expectativa de que Lupi fizesse o anúncio durante uma coletiva no Ministério da Justiça, convocada para detalhar a operação Sem Desconto, que investiga um esquema de corrupção envolvendo a cobrança indevida de contribuições de aposentados e pensionistas.
No entanto, como a exoneração não foi comunicada na ocasião, o Palácio do Planalto confirmou que a ordem de Lula era pela demissão de Stefanutto.
Exoneração formalizada pela Casa Civil
Durante a tarde, surgiu a informação de que o próprio Stefanutto estaria antecipando-se ao pedir demissão, o que foi mal recebido por Lula.
Mais tarde, a Casa Civil publicou a exoneração de Stefanutto no Diário Oficial da União, encerrando oficialmente seu vínculo com o órgão.
Apesar de a Polícia Federal ainda não ter encontrado indícios graves contra o então presidente do INSS, as investigações continuam em andamento.
Segundo a equipe do presidente, a decisão de afastá-lo se baseia na falta de ações eficazes do órgão para impedir o roubo de recursos dos segurados.
Falhas na escolha da biometria e condução do órgão
De acordo com assessores de Lula, Stefanutto foi alertado previamente sobre as fraudes e chegou a recomendar o uso de uma tecnologia de biometria desenvolvida pela Dataprev para evitar os desvios. Contudo, o INSS optou por uma solução alternativa, considerada ineficaz pela Controladoria-Geral da União (CGU), por permitir fraudes por meio de fotos de documentos.
“O presidente do INSS, no mínimo, cometeu uma falha grave. Até agora não há nada de contundente contra ele, mas sua condução foi gravemente falha”, afirmou um assessor presidencial.
Aliados de Carlos Lupi minimizam crise
Apesar do desgaste, aliados de Carlos Lupi acreditam que o episódio será superado e que ele continuará no governo.
Segundo esses interlocutores, o ministro entende que o governo pode estar sendo injusto com Alessandro Stefanutto, pois não existem provas que o envolvam diretamente nas irregularidades identificadas.
