Nas últimas semanas, no entanto, Bolsonaro e governadores têm demonstrado posturas divergentes de enfrentamento à pandemia. Eduardo Pazuello assumiu posto de ministro interino após exoneração de Nelson Teich. O ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou nesta segunda-feira (18) durante assembleia da Organização Mundial da Saúde (OMS) que a pandemia do novo coronavírus é um desafio para o mundo todo. E que, como o Brasil tem “dimensões continentais e importantes diferenças regionais”, deve haver diálogo entre os três níveis de governo (federal, estadual e municipal).
Na assembleia, Pazuello disse que esse diálogo “tem como foco as regiões norte e nordeste do país que têm desafios particulares”. “O governo federal avalia diariamente a situação de risco e apoia cidades e estados com recursos necessários para mitigar os efeitos da pandemia”, completou.
Nas últimas semanas, no entanto, houve divergências entre Jair Bolsonaro e governadores. Em 11 de maio, por exemplo, o presidente incluiu salões de beleza, barbearias e academias na lista de serviços essenciais, que poderiam funcionar durante a pandemia. Governos de 17 estados e do Distrito Federal (DF) se posicionaram contra a medida.
Em outro momento, em 14 de maio, Bolsonaro pediu que empresários jogassem “pesado” com o governador de São Paulo, João Doria, contra adoção do “lockdown”. Ele usou o termo “guerra” para se referir à disputa política. Na mesma ocasião, o presidente criticou medidas de isolamento social adotadas pelos Estados.
Além disso, secretários de saúde disseram na semana passada — após encontro com Nelson Teich, então ministro da saúde, que não era hora de discutir a redução do isolamento social.
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De acordo com o ministro interino, cabe ao Ministério da Saúde fazer ajustes nos protocolos de combate à Covid-19, segundo a gravidade de cada região.
A assembleia da OMS, realizada anualmente, ocorre pela primeira vez de forma virtual. Os representantes de cada um dos 194 membros têm até dois minutos para se pronunciar.
Comprometimento com iniciativas globais
Em discurso, Pazuello reiterou o comprometimento do Brasil com iniciativas globais e disse que “não quer deixar ninguém para trás”. Segundo ele, o país está comprometido em facilitar o acesso ao diagnóstico e a possíveis tratamentos e vacinas contra a Covid-19.
“Eu gostaria de reforçar o comprometimento do Brasil em apoiar e participar de iniciativas internacionais, como os testes solidários que reforçam a cooperação internacional e garantem acesso universal ao diagnóstico, tratamento e vacinas, permitindo que salvemos vidas e retomemos com segurança a normalidade, sem deixar ninguém para trás.”
“Há duas macroestruturas”, disse o ministro interino: o comitê de crise organizado pelo presidente Jair Bolsonaro, que deve coordenar ações interministeriais; e o próprio ministério da Saúde, responsável por pensar em estratégias para lidar com a crise.
Assembleia da OMS
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, criticou, durante o evento, os países que “ignoraram as recomendações” da OMS para responder à pandemia de coronavírus.
“Vimos expressões de solidariedade, mas pouquíssima unidade em nossa resposta à Covid-19. Os países seguiram estratégias divergentes”, disse Guterres.
Países pedem inquérito rigoroso sobre as origens do novo coronavírus em Assembleia da OMS
Quem é Pazuello
Pazuello assumiu de forma interina o Ministério da Saúde
Júlio Nascimento/PR
Pazuello ocupava a função de secretário-executivo do Ministério da Saúde, na gestão de Nelson Teich, e assumiu o papel de ministro interino após a exoneração dele, na última sexta-feira (15).
Nasceu no Rio de Janeiro e formou-se na Academia Militar das Agulhas Negras em 1984, onde fez cursos de operações na selva, paraquedismo e aperfeiçoamento de oficiais.
General de Divisão desde 2018, Pazuello atuou como coordenador operacional da Força-Tarefa Logística Humanitária Operação Acolhida, responsável pelos trabalhos relacionados aos cidadãos venezuelanos que chegaram ao Brasil por Roraima, fugindo da crise.
Ex-comandante da Base de Apoio Logístico do Exército, o ministro da Saúde interino também foi coordenador logístico das tropas do Exército na Olimpíada de 2016.
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Em assembleia da OMS, ministro interino da Saúde defende articulação do governo federal com Estados e municípios no combate ao coronavírus
