Guará é símbolo de iniciativas de preservação no litoral do Paraná

Ave que deu origem ao nome da cidade Guaratuba incentiva projetos de preservação ambiental — Foto: Edgar Fernandez 1 de 6
Ave que deu origem ao nome da cidade Guaratuba incentiva projetos de preservação ambiental — Foto: Edgar Fernandez

Ave que deu origem ao nome da cidade Guaratuba incentiva projetos de preservação ambiental — Foto: Edgar Fernandez

O município de Guaratuba (PR) não poderia ter outra espécie como símbolo de proteção à natureza senão à que lhe inspirou o nome, o guará (Eudocimus ruber). Em tupi, Guaratuba refere-se justamente a um lugar onde se encontram os guarás.

Apesar de estar enraizada na história deste município do litoral paranaense, essa espécie da avifauna, típica de manguezais e dona de uma beleza exuberante, já ficou desaparecida por lá. O sumiço da ave na década de 80 até meados de 2007 instigou pesquisadores que, em 2008, decidiram sair em busca da espécie. A iniciativa resultou inclusive na criação de uma entidade não governamental com viés socioambiental: o Instituto Guaju.

“O objetivo era entender o por quê do desaparecimento da espécie, que outrora era tão abundante”, comenta Edgar Fernandez, professor filósofo e pesquisador do Instituto.

A espécie ficou desaparecida da região de Guaratuba e foi reencontrada em 2008 — Foto: Edgar Fernandez 2 de 6
A espécie ficou desaparecida da região de Guaratuba e foi reencontrada em 2008 — Foto: Edgar Fernandez

A espécie ficou desaparecida da região de Guaratuba e foi reencontrada em 2008 — Foto: Edgar Fernandez

Na época os pesquisadores Fabiano Cecílio da Silva e Marcos Wasilewski, com auxílio e coordenação do professor Pedro Scherer Netto, dedicaram-se a saídas de campo voluntárias para encontrar a ave tão desejada. Em julho do mesmo ano, o time conseguiu trazer boas novas sobre os guarás.

“Eles registraram a ocorrência do guará junto à baia de Guaratuba. Foi um grande marco para a região que então comemorou o retorno do seu símbolo”, lembra.

Passados 12 anos da “redescoberta” dos guarás as atividades de monitoramento da espécie continuam com incursões quinzenais ao interior da baía de Guaratuba. Nessa jornada algumas curiosidades já foram observadas pela equipe de pesquisa.

Monitoramento feito por pesquisadores conquiste em observar comportamento das aves — Foto: Edgar Fernandez 3 de 6
Monitoramento feito por pesquisadores conquiste em observar comportamento das aves — Foto: Edgar Fernandez

Monitoramento feito por pesquisadores conquiste em observar comportamento das aves — Foto: Edgar Fernandez

“A gente acompanha o desenvolvimento das aves, no que tange a hábitos alimentares, áreas de repouso e reprodução. Conseguimos registros interessantes como o de um guará com variação leucística, até então o único registro fotográfico e de vídeo sobre essa variação para o indivíduo adulto no Brasil”, comenta Edgar, coordenador do projeto.

O leucismo é uma alteração genética que faz com que a coloração do animal fique branca, no caso do guará, ao invés de apresentar as penas avermelhadas o indivíduo com essa variação tem a plumagem esbranquiçada.

“O projeto teve como fruto a elaboração de um livreto intitulado: ‘Guará: é preciso conhecê-lo para preservá-lo’, e um é instrumento de educação, e conscientização ambiental voltado aos estudantes do litoral paranaense”, completa Edgar.

Guará com leucismo se destaca entre os outros indivíduos do grupo — Foto: Edgar Fernandez 4 de 6
Guará com leucismo se destaca entre os outros indivíduos do grupo — Foto: Edgar Fernandez

Guará com leucismo se destaca entre os outros indivíduos do grupo — Foto: Edgar Fernandez

Atualmente o projeto Guará do Instituto Guaju conta com o apoio técnico da professora Juliana Quadros e da Universidade Federal do Paraná setor litoral. De acordo com os registros de monitoramento aproximadamente 4 mil indivíduos da espécie são encontrados na baía de Guaratuba.

Além de ser uma peça fundamental para a preservação, o guará incentiva os pesquisadores a coletarem informações de outras aves da região.

Recentemente, enquanto fazia fotos para o projeto de educação ambiental “Aves do nosso Litoral”, Edgar Fernandez conseguiu fazer registros simbólicos não só para a cidade, mas também para o estado. Fotografou a gaivota-de-cabeça-cinza (Chroicocephalus cirrocephalus), uma espécie com poucos registros no Paraná, sendo os cliques os primeiros da região a serem publicados no Wikiaves, portal de divulgação de registros da avifauna brasileira.

Observador registra gaivota-de-cabeça-cinza em Guaratuba (PR) — Foto: Edgar Fernandez 5 de 6
Observador registra gaivota-de-cabeça-cinza em Guaratuba (PR) — Foto: Edgar Fernandez

Observador registra gaivota-de-cabeça-cinza em Guaratuba (PR) — Foto: Edgar Fernandez

“Havíamos observado algumas aves marinhas, mas até então nenhuma espécie diferente das que tradicionalmente registramos. Após o “zoom” mais apurado me deparei com algo que me chamou muito atenção pelo tamanho e cor diferenciada e rapidamente consegui identificar que se travava de uma espécie ainda não observada pelo nosso projeto”, acrescenta.

A gaivota-de-cabeça-cinza é uma espécie que ocorre de forma pontual em diferentes locais da costa brasileira, é considerada mais comum no norte do Rio de Janeiro, costa do Rio Grande do Sul e região Norte do Brasil. É ainda uma das únicas espécie de gaivota encontrada na costa da região Nordeste. Uma curiosidade dessa ave é que na África existe uma população dela, porém considerada uma subespécie.

Conseguir o primeiro registro dessa gaivota para a região e publicá-lo em um portal específico sobre aves do Brasil é motivo de alegria para o coordenador do projeto dos Guarás de Guaratuba.

“Ter a dádiva de morar em um local que me proporciona momentos mágicos de registros que se transformam em aprendizado para a coletividade realmente já me deixa super feliz, porém, quando o registro é ímpar como este fica difícil conter a emoção de um menino que ganha um presente muito esperado, esse é meu sentimento”, finaliza Edgar.

Em site de fotografias de aves o clique feito da gaivota é o primeiro para o estado do Paraná — Foto: Edgar Fernandez 6 de 6
Em site de fotografias de aves o clique feito da gaivota é o primeiro para o estado do Paraná — Foto: Edgar Fernandez

Em site de fotografias de aves o clique feito da gaivota é o primeiro para o estado do Paraná — Foto: Edgar Fernandez

By Tribuna ABC

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