
Conheça as propostas do candidato João Villela à Prefeitura de Santos
Parcerias público-privadas na saúde, utilização do contraturno escolar nas unidades municipais para a prática de esportes e atividades culturais, valorização dos professores e oferecimento de cursos para pais de alunos matriculados na rede municipal de ensino estão entre as propostas do candidato à Prefeitura de Santos, no litoral de São Paulo, João Villela (NOVO).
João é empresário e tem 49 anos; seu número nas urnas é o 30. Em entrevista ao G1, ele destaca alguns pontos de seu plano de governo. “É fundamental você ter, na escola, integração com a comunidade, merenda de qualidade, professores motivados e preparados para as novas demandas e tecnologias”, afirma o candidato em relação à área da educação.
O G1 Santos está produzindo uma série de entrevistas com os candidatos a prefeito das cidades da Baixada Santista. Os prefeituráveis de Santos responderam a dez questões sobre temas diversos e todos tiveram o mesmo tempo de resposta. Para acompanhar toda a cobertura, basta acessar a página especial.
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João Villela (NOVO) é empresário e tem 49 anos. Ele está entre os 16 candidatos ao Executivo santista — Foto: Divulgação
João Villela (NOVO) é empresário e tem 49 anos. Ele está entre os 16 candidatos ao Executivo santista — Foto: Divulgação
Confira a entrevista completa:
Qual sua principal proposta no que diz respeito à área da saúde? Como planeja executá-la?
Na área da saúde, a questão maior é a prevenção. É evitar que chegue nos postos de saúde. É muito mais barato, muito mais eficiente. Depois, nós temos que pensar, inclusive, no saneamento básico. Cada um real investido em saneamento básico, economizamos quatro reais em saúde pública. Isso é fundamental. Hoje, você tem uma área totalmente degradada, com pessoas morando em palafitas e em cortiços, em condições subumanas. Isso realmente incha o sistema de saúde, porque não tem a prevenção. Não tem saneamento básico. Outro ponto muito importante na saúde é você ter, realmente, exames com qualidade. Para isso, pode ser feita uma parceria público-privada. Utilizar horários ociosos em empresas particulares pagando tabela SUS é possível e é viável. Então, você vai ter um exame rapidamente. Outra questão importante é em relação às escolas. Nas escolas, você pode fazer uma prevenção muito grande com os alunos em relação a exames que podem ser feitos, como exames de vista e, também, escovação bucal. Então, prevenção é o ponto principal do meu plano de governo em relação à saúde. O restante você consegue fazer com parceria público-privada. Outra questão importante é você ter, na parte de saúde, um calendário na internet para você ver que médico está atendendo em cada pronto-socorro, em cada UPA. Para você saber quem está atendendo, como é que está a fila naquela hora, se tem aquele atendimento.
Quais serão suas prioridades na área da educação, caso seja eleito?
Educação é uma área muito importante. Vamos valorizar os professores. Fui professor durante oito anos na rede pública, eu sei muito bem o que precisa fazer na educação. Temos que utilizar o tempo do contraturno para esportes e cultura. Teatro, música, e você ter, também, a parte de artes plásticas, pintura e tudo mais. Isso é muito importante para o aprendizado cultural dessas crianças. A escola tem que estar ligada à comunidade. Não adianta fazer a escola como é feita hoje, separada da comunidade. Os pais também podem fazer cursos de capacitação profissional em horário em que a escola esteja ociosa. Você consegue ter a integração da sociedade, comprometimento e envolvimento da sociedade na própria escola. Então, a escola tem que ser muito mais sedutora do ponto de vista educativo. E nós temos que pensar, também, na qualidade da merenda. A escola tem que ter mais tempo para os alunos, ensinar melhor, valorizar os professores, ter método e ter técnica para melhorar muito mais a questão escolar. É muito importante, também, que hoje nós temos um problema muito sério no Ideb. Quase 80% das crianças no nono ano das escolas municipais não aprendem Matemática. Elas chegam no mínimo de Matemática pelo Ideb. E Português também temos uma situação complicada. O prefeito tem uma importância muito grande nessa fase inicial. A gente pode ver essa geração crescer muito mais. É fundamental você ter, na escola, integração com a comunidade, merenda de qualidade, professores motivados e preparados para as novas demandas e tecnologias. A escola tem que funcionar, inclusive, aos fins de semana, com cursos de capacitação profissional para os pais. Quando os pais estiverem dentro da escola, muda bastante essa questão e você vai ter muito mais qualidade de ensino e o envolvimento da sociedade.
Quais medidas devem ser implementadas para contribuir com a diminuição nos índices de criminalidade em Santos, principalmente na região da Zona Noroeste?
Segurança é outro tema complexo, nós temos que pensar o envolvimento em várias áreas. A educação é importante em relação à segurança, a iluminação é importante, a poda das árvores, a questão da habitação é importante para a segurança. E áreas degradadas e abandonadas, como o Centro de Santos, geram muito mais insegurança. A prevenção da segurança é fundamental. Além disso, a prefeitura tem um papel muito importante em relação a câmeras. Câmeras de qualidade, integração entre a Guarda Municipal, que tem que estar mais preparada. Outra coisa importante na segurança é o emprego. É fundamental a gente ter uma capacitação das pessoas, que muitas vezes ficam sem emprego e acabam entrando para o crime. Nós temos que ter todo um pensamento em relação à geração de empregos, e vamos lembrar, empresas é que geram empregos. Então, por exemplo, no Centro, se você deixa abandonado, você não tem os comércios. Fica abandonado, parece que não tem ninguém lá, e acabam acontecendo muito mais crimes. Outro ponto importante, se o poder público não entra em alguns lugares, o tráfico e o poder paralelo acabam entrando e utilizando aquela comunidade como uma forma de proteção. Então, a segurança é bem complexa, entra em várias áreas. Desde a habitação, que é importante, geração de empregos, a questão da escola é fundamental, a questão de não ter áreas degradadas é fundamental, e outro ponto muito importante é você ter a Guarda Municipal integrada, de verdade, com Polícia Civil e a Polícia Militar.
O que deve ser feito para maior valorização dos trabalhadores da cultura em Santos?
A cultura é outra área que é importante a gente pensar na escola. A cultura tem que começar desde a escola. É uma área integrada com a parte escolar. Esse é o primeiro ponto. O segundo ponto é que nós temos, hoje, vários imóveis da prefeitura, como o Teatro Coliseu, que estão abandonados. O Teatro Municipal, também, numa situação muito lamentável, o Teatro Guarany, também, numa situação difícil. Nesses lugares, que são culturais, tem que ser feita uma concessão para a iniciativa privada. Você faz a concessão, a empresa explora para fazer festas, shows, gera emprego, gera impostos. A Hospedaria dos Imigrantes está abandonada, todo governo que entra fala que vai melhorar, que vai fazer alguma coisa, e não faz nada. Ali, você faz a concessão para alguma universidade que queira, e cria ali um espaço bacana para música, teatro. Isso é possível fazer. Santos é uma cidade riquíssima em cinema e é possível fazer muita coisa na questão do cinema em Santos, e usar a região da Hospedaria dos Imigrantes. Com restaurantes legais, com cafés bacanas. É possível você melhorar a cultura, mas é outro tema que tem que ser ligado às várias áreas. Esse é o meu diferencial. Eu penso na prefeitura como um todo, e não em secretarias separadas.
A falta de saneamento básico em determinadas áreas da cidade está entre os fatores que contribuem para a poluição marinha. O que deve ser feito em relação a isso?
Segundo o Gremar, 80% da poluição das nossas praias vêm dessas áreas que estão degradadas, abandonadas, com pessoas vivendo em situação subumana. Não é possível, mais, as pessoas viverem em áreas de palafitas ou cortiços. Vinte e seis mil pessoas vivem em palafitas, sem esgoto, e muitas delas sem água, inclusive. O esgoto embaixo delas, numa situação extremamente precária. Não dá para a gente aceitar mais isso em Santos. Temos que pensar no meio ambiente como uma questão global. Temos que pensar desde a reciclagem do lixo, que tem que ser feita. Temos que pensar muito mais na questão de reaproveitamento dos materiais, separação de uma forma adequada. Até em questão da usina que pode ser feita, de reaproveitamento energético, como última fase do aproveitamento, é possível, também. Então, meio ambiente tem que ser completo, tem que ter o saneamento. Saneamento também tem a ver com saúde e é fundamental você ter. Hoje, os índices mostram um número falso. Quase 100% de Santos tem saneamento básico, só que isso dos imóveis registrados, matriculados. E não é verdade o que acontece na população. Vinte e seis mil pessoas moram em Santos sem saneamento básico, e muitos sem água.
O que a população da cidade que vive em palafitas e em cortiços pode esperar de seu governo?
A habitação tem que estar ligada até àquela questão de a cidade ser de 15 minutos, você poder ter serviços e comércios dentro da própria cidade. Então, os bairros, com comércio dentro. Na parte da habitação, hoje, o mundo inteiro aprendeu como é que tem que ser feito. Você constrói prédios de quatro pavimentos. Cada pavimento tem quatro apartamentos, e embaixo tem lojas e serviços. Então, você consegue ter geração de renda no lugar da habitação. Hoje, o que é feito no Brasil é algo que no mundo não se faz há muitos séculos, que é, por exemplo, construir simplesmente um conjunto habitacional sem o menor desenvolvimento urbano em volta dele. Então, você não tem emprego. Tem que ter transporte para as pessoas. Sai muito mais caro da forma que é feita. Então, o comércio embaixo dos prédios é fundamental para a geração de renda. Aí tem a capacitação, que vai ser feita nas escolas municipais, para as pessoas poderem ter uma profissão, um aprendizado. Uma coisa gera outra. Saneamento básico vai estar ligado com habitação, que vai estar ligado com a educação, que vai estar ligada com a geração de empregos. Tem que ser um círculo que você pegue todas as áreas, e tudo tem que estar ligado. Quando a gente tenta fazer um projeto, uma solução simples para um problema complexo, sempre dá errado. Temos que pensar diferente. E a diferença, no nosso governo, será essa. Nós vamos pensar integrado. Como se faz hoje em dia. Com tecnologia, com inovação, com modernização, pegando as melhores práticas do mundo, inclusive, para esses projetos que hoje tem, e tem financiamento mundial com juros baixíssimos que podem ser utilizados. Trazer isso para Santos. A inovação é essa. Fazer diferente do que é feito atualmente. Hoje em dia, Santos está mandando seus moradores, quando é feito um projeto habitacional com a Cohab, para fora da cidade. Sem contar que a Cohab santista, hoje, tem R$ 500 milhões de passivo descoberto, ou seja, ela perdeu muito dinheiro e tem uma dívida colossal. Isso não dá para aguentar.
Quais iniciativas estão previstas para estimular a geração de emprego na cidade?
Menor burocracia, o ponto é esse. Hoje, é muito complicado você abrir legalmente uma empresa. É muito difícil, você tem uma série de trâmites. Vai passar de uma secretaria para outra. E demora muito. Até para conseguir uma obra você demora muito tempo. A burocracia em Santos é muito grande, e isso tem que acabar. Tem que ser rápido. Muitas obras você pode fazer por declaração. Então, você vai gerar mais construção civil, gera mais empregos, facilidade de você montar comércio e serviços sem burocracia. Hoje, o principal problema de Santos é que você tem muitos privilégios, burocracia e muito desperdício. Nós não podemos aceitar dessa forma. O Centro de Santos pode se tornar muito rentável e ter muito mais turistas, que isso gera empregos. Você tem que ter uma capacitação nas escolas, como eu já falei, e tem que ter muito mais facilidade para você montar as empresas. O emprego sempre vem de empresas, tem que deixar isso muito claro. Outra coisa importante em relação ao emprego é o retroporto. Trazer as empresas que querem trabalhar em Santos. E tem muito mais coisas para fazer em Santos. Santos tem que ser a capital brasileira do empreendedorismo, isso é fundamental. Empresas com retroporto têm uma função muito grande na nossa cidade. Nós temos que facilitar a geração de empregos e empresas. Não deixar mais quebrar as empresas. Nós estamos perdendo para Praia Grande, uma cidade que não tem porto, por exemplo, e Praia Grande tem gerado muito mais empregos que Santos. É inadmissível isso. Nosso Centro tem que começar a crescer, tem muita coisa bacana que dá para fazer. O Centro de Santos vai ser o nosso grande fomentador de empregos. Trazer muito mais empresas. E Zona Noroeste, é fundamental ter muito mais empresas lá, construção lá. Dá para fazer muita coisa em relação a empregos na Zona Noroeste, no Centro e, também, na bacia do Mercado.
Quais seus principais planos para o setor portuário?
É muito importante em relação ao PDV [Programa de Incentivo ao Desligamento Voluntário], que foi feito pelo Governo Federal, você poder utilizar, do armazém um ao oito, por exemplo, uma concessão para as empresas de navios de passageiros. Você vai restaurar o Centro, consegue ter passageiros. Cada navio traz, em média, 4.500 pessoas para a cidade. Isso não é aproveitado, por exemplo, em relação ao turismo. Também tem a questão do retroporto, que eu já comentei, que é fundamental trazer empresas ligadas ao Porto. Tem muito mais facilidade. Hoje tem lugares degradados e abandonados que poderiam ser utilizados para o Porto. Outra questão importante, a parte da Área Continental. Na Área Continental de Santos, é possível fazer empresas retroportuárias. Tem a questão da preservação do meio ambiente, que tem que manter, de todas as formas, mas, é possível você ter essas empresas lá, também. No Iriri, no Caruara, tem muita área em Santos onde é possível você gerar empregos e empresas e ter o Porto ligado. Santos não pode ficar de costas para o Porto. Vamos lembrar que o Porto é que mantém essa cidade. Não só em termos de emprego, mas em termos de impostos, também. Hoje, grande parte dos nossos impostos vem do Porto. Sessenta e cinco por cento do ISS, que é o Imposto Sobre Serviços, vem do Porto. Ou seja, Santos arrecada muito com o Porto e é possível fazer um trabalho muito mais forte.
Qual sua principal proposta para a mobilidade urbana e como planeja executá-la?
O nosso trabalho é integrar várias áreas. Hoje, a tendência mundial são bairros de 15 minutos. Ou seja, você está em 15 minutos perto de várias coisas. Da escola, da creche, do supermercado, de uma pizzaria, de um restaurante, de uma prestação de serviços. Você precisa se deslocar menos. Você fica perto do seu bairro, gerando emprego, renda e oportunidades dentro do seu próprio bairro, evitando passar muito tempo no ônibus, por exemplo. E, claro, tem que estar integrado o ônibus ao VLT, tem que estar integrado às barcas. Nós temos a opção de barcos na região, também, para se deslocar de um lugar para outro. Outra coisa importante. Nossos ônibus estão de uma forma muito ruim. O ônibus de Santos é um chassi de caminhão, suspensão de caminhão, piso alto, motor dianteiro, extremamente desconfortável. O ônibus tem que ter qualidade. Tem que seduzir a pessoa pela qualidade do ônibus, pela pontualidade. Ônibus de verdade o chassi é baixo, suspensão de ônibus, piso é plano, não tem tantos degraus para subir. O motor fica traseiro, então, tem muita diferença do ônibus que usamos em Santos, que é um chassi de caminhão com uma carroceria de ônibus, do ônibus de São Paulo, por exemplo, que é um ônibus de verdade. A maioria dos ônibus de São Paulo tem motor traseiro, tem muito mais conforto para as pessoas. Outra coisa importante é o VLT. Nós temos que fazer um trabalho com o Governo do Estado, porque o VLT, hoje, não tem nenhuma estrutura. Não tem lugar para você colocar a bicicleta, você não consegue nem pagar em dinheiro. Aliás, é uma contravenção penal você não poder pagar em dinheiro o transporte no VLT, por exemplo. Você não tem banheiro no VLT. Então, tem muita coisa para fazer na parte de transporte em Santos e tem que ter essa interligação de várias áreas e vários bairros.
Quais ações devem ser priorizadas para estimular o aquecimento do setor do turismo?
Essa questão dos navios que vêm para Santos. Cada navio traz, em média, 4.500 passageiros. Tem uma época do ano em que essas pessoas poderiam ficar mais na nossa cidade. Tem um monte de passeios que você pode fazer, inclusive ecoturismo na Área Continental de Santos. Também é bacana você ter um centro restaurado. Imagine quantas cidades no mundo que têm bonde. E poderia ter passeios muitos melhores. Aliás, se o bonde pudesse vir até a praia, seria fantástico. É importante o turismo na nossa cidade. Tem muita coisa que tem que virar um roteiro. Um roteiro gastronômico, cultural, que é possível você melhorar bastante o turismo. Santos não pode ficar dependendo simplesmente da praia. Tem um turismo que pode ser muito maior. O Centro de Santos é histórico, é belíssimo. Tem muita história, tem muita cultura. Imagine ter shows, peças, no Centro. Trouxeram tudo para a praia. A praia é difícil você utilizar de uma forma adequada. Então, o turismo é importante, o ecoturismo é fundamental. Passeios de barco podem ser muito mais explorados. Nós temos duas escunas hoje em Santos. Dá para trabalhar muito mais essa área, trazer muito mais turistas, pessoas que realmente queiram visitar a nossa região. Navios de turismo são importantes, trazer as pessoas para o Centro da cidade, mostrar o Mercado Municipal, que é lindo, se for restaurado. Nós temos uma catraia, nós temos um barco que sai e pode ser utilizado para passeios, inclusive. Levar até Guarujá, por exemplo. Em oito minutos, você sai do Mercado Municipal e vai para Guarujá. Se for bem feito, se for adequado, você consegue trazer muito mais turistas e eventos para Santos.
Outras informações sobre as propostas do candidato podem ser consultadas em seu plano de governo, disponível no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
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