Glauco Luís Costa Ton, o Batata (MDB), que escapou do processo de cassação, foi preso na Operação Raio X e é suspeito de integrar grupo de parlamentares ‘comprados’ para promover a cassação do prefeito. Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão na Câmara de Agudos
Vanessa Aguiar/TV TEM
A Câmara de Vereadores de Agudos (SP) rejeitou nesta segunda-feira (5), por 8 votos a 3, o pedido de instauração de processo de cassação contra o vereador Glauco Luís Costa Ton, o Batata (MDB).
O vereador alvo do pedido de cassação foi uma das quatro pessoas presas na região de Bauru na terça-feira passada durante a Operação Raio X, que investiga desvio de verba da saúde pública.
A reportagem do Fantástico, deste domingo (4), mostrou que investigação revelou na cidade de Agudos um detalhe do método usado pela quadrilha suspeita dos desvios na saúde para não perder nenhum negócio.
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O grupo teria comprado vereadores da cidade simplesmente para cassar o prefeito Altair Francisco Silva (PRB) pelo fato de que ele havia encerrado o contrato com a Organização Social (OS) do anestesista Cleudson Montali, presidente regional da Associação Paulista de Medicina e apontado como chefe da organização.
Os investigadores filmaram encontros e gravaram telefonemas em que a cassação do prefeito de Agudos foi planejada. Segundo as investigações, Batata teria recebido pelo menos R$ 50 mil em propina para votar pela cassação e convencer outros vereadores.
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Segundo as investigações, no complô contra o prefeito, o Doutor Cleudson conseguiu também que a Câmara de Agudos o homenageasse com o título de “Cidadão Agudense”. Na ocasião, Batata discursou e disse que “era uma honra” receber o médico na Casa.
Depois, houve uma grande festa para 1 mil convidados, bancada com dinheiro desviado da saúde, segundo apuração da polícia e do Ministério Público. Na festa, novamente o vereador discursou e disse que o prefeito não foi convidado “pelo que ele fez com o Doutor Cleudson”.
O prefeito Altair Francisco Silva foi cassado duas vezes e a Justiça o reconduziu ao cargo nas duas vezes. Na operação da semana, além de Batata, outros quatro vereadores são investigados.
Segundo a defesa do vereador, “Batata não recebeu qualquer valor em espécie, sempre votou de acordo com suas convicções e lamenta que estejam sendo veiculadas informações desconformes com a realidade”.
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Relembre o caso
Quatro pessoas foram presas na região de Bauru (SP) na manhã da última terça-feira (29) durante a operação Raio X, que investiga desvio de verba da saúde pública. A Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão na Câmara de Agudos e também em endereços de pelo menos dois vereadores da cidade. Um deles, o Batata, está entre os presos.
A operação investiga desvio de verbas na saúde pública em várias cidades paulistas e também em outros estados.
De acordo com balanço parcial, foram apreendidos R$ 1,2 milhão e 53 prisões cumpridas. Duas aeronaves foram apreendidas, uma em Congonhas e outra em Jundiaí (SP).
Polícia Civil cumpre mandados de busca e apreensão na Câmara de Agudos
Vanessa Aguiar / TV TEM
Segundo o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) de Bauru, foram cumpridos 30 mandados de busca e apreensão na região centro-oeste paulista e quatro de prisão. Além do vereador Batata, o irmão dele também foi preso em Paulistânia, cidade onde mora.
Os outros dois presos são um empresário que presta serviços para o setor da saúde e um advogado, ambos teriam envolvimento com esquema na região noroeste do estado. Todos foram levados para sede do Deic em Bauru.
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Na Câmara de Agudos, os mandados foram cumpridos em gabinetes de parlamentares. Após a ação, o prédio foi liberado e os funcionários puderam entrar.
O presidente da Câmara, Auro Octaviani, disse que a polícia fez buscas em todos os gabinetes, mas nada de ilícito foi encontrado. O parlamentar disse ainda que o vereador Batata foi preso em casa porque a polícia teria encontrado armas no local.
Em relação às armas encontradas na casa do vereador, conforme informou o presidente da Câmara, a defesa de Batata disse que estão regulares e já foram devolvidas pela polícia.
Ainda segundo a Polícia Civil, foram apreendidos em vários endereços, veículos, documentos, computadores, celulares, além de dinheiro que está sendo contabilizado. O resultado da ação será apresentado nesta tarde em Bauru.
Na região noroeste paulista, a ação é realizada nas Santas Casas de Birigui e Penápolis.
Polícia cumpre mandados de busca e apreensão em endereços de parlamentares de Agudos
Arquivo pessoal
Operação Raio X
A ação foi coordenada pela Polícia Civil de Araçatuba por meio da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) e fez parte de uma operação realizada em conjunto com o Ministério Público de São Paulo e a Polícia Federal do Pará.
Foram cumpridos 64 mandados de prisão temporária e 237 de busca, sendo 180 no estado de São Paulo e 57 nos demais estados, além do sequestro de bens e valores.
De acordo com um balanço parcial divulgado, foram apreendidos R$ 1,2 milhão e 53 prisões cumpridas até as 18h30 desta terça-feira, quatro delas em flagrante. Duas aeronaves foram apreendidas, uma em Congonhas e outra em Jundiaí (SP).
Polícia cumpre mandados de busca e apreensão na Câmara de Agudos e endereços de vereadores
De acordo com a investigação, o esquema envolve uma Organização Social (OS) que administra hospitais e clínicas em várias cidades do país.
Os donos são suspeitos de pagar propina a agentes públicos para conseguir os contratos que, em geral, são superfaturados.
Os crimes investigados são fraude em licitações, falsidade ideológica, peculato, corrupção passiva, corrupção ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo informou que já está colaborando com a Polícia e o Ministério Público nas investigações. Disse também que todas as informações necessárias para esclarecer as suspeitas das quais a pasta é vítima estão à disposição dos órgãos competentes.
A Secretaria informa ainda que fará um pente-fino em todos os contratos e convênios firmados com as Organizações Sociais de Saúde (OSS) apontadas pelo MP e Polícia Civil e, se detectada qualquer irregularidade, realizará o rompimento dos mesmos.
A pasta repudia qualquer conduta que viole a legislação ou desrespeite a população usuária do SUS, reafirma seu compromisso com o uso correto dos recursos públicos e com o cumprimento das leis.
*Com informações Alan Schneider / TV TEM
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