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Movimentação intensa de pessoas no centro de Campinas no primeiro dia da fase amarela, em 8 de agosto — Foto: Luciano Claudino/Código19/Estadão Conteúdo
Movimentação intensa de pessoas no centro de Campinas no primeiro dia da fase amarela, em 8 de agosto — Foto: Luciano Claudino/Código19/Estadão Conteúdo
Campinas (SP) completa 50 dias na fase amarela do Plano SP neste domingo (27) com índices de isolamento menores que os aferidos antes da quarentena, que teve início em março. A redução de casos, internações e mortes, a retomada de atividades econômicas e o vaivém nas ruas pode até causar a falsa sensação de que a pandemia acabou, mas especialistas alertam que o risco ainda existe e que evitar aglomerações é fundamental para que o novo coronavírus não faça mais vítimas.
Além disso, diante do cenário atual, em que as medidas restritivas perderam força e houve um esgotamento da população, aliada às necessidades econômicas, a adoção de um distanciamento “físico” em vez do “social”, assim como ocorre com o uso de máscara e hábitos de higiene, devem fazer parte desse “novo normal”.
Dados do Sistema de Monitoramento Inteligente (SIMI) do governo estadual mostram que o índice de isolamento social em Campinas nas últimas semanas tem oscilado entre 35% e 39% nos dias úteis – na semana que antecedeu o início da quarentena na metrópole, os números ficavam entre 43% e 44%.
“Eu ainda acho que a população é a menos responsável por isso. Ficamos muito tempo isolados, um tempo maior que outros países, apesar de que muitos fizeram com um rigor maior que o nosso. Mas chega um nível que a pessoa não aguenta mais”, reconhece Raquel Stucchi, médica infectologista da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp.
Para a profissional, consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia, um fator que pode ter impactado para essa maior circulação de pessoas está na forma como notícias, mesmo com dados positivos, podem ser interpretados.
“Cada um ouve como quer. A pessoa vê a notícia da queda de média móvel no Brasil, que agora não são mais quatro dígitos todo dia, mas continua morrendo mais do que uma queda de avião por dia”, alerta.
Distanciamento ‘físico’
Diante do cenário de maior flexibilização das atividades econômicas, e a necessidade das pessoas saírem às ruas, a diretora do Departamento de Vigilância em Saúde de Campinas (Devisa), Andrea Von Zuben, defende que, em vez do distanciamento social, que as pessoas mantenham um distanciamento “físico” como barreira para novas contaminações – e isso inclui evitar aglomerações.
“No começo [da pandemia] o mais importante era o distanciamento social, mas a partir que voltam várias atividades, eu defendo o cuidado individual. Se não posso mais manter o distanciamento social, devo estar distante fisicamente. A transmissão se dá por gotículas, então devo me manter sempre a 1,5 metro das pessoas. Sem aglomerações”, explica.
Ainda segundo Andrea, essa medida deve ser incorpora à rotina das pessoas, assim como foi a do uso de máscaras e álcool em gel 70%.
“Não adianta achar que as pessoas vão ficar em casa para sempre. Estamos numa fase de diminuição de casos, mas a pandemia não acabou. Vamos precisar saber conviver com a doença”, diz Andrea.
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Andrea Von Zuben, diretora do Devisa em Campinas — Foto: Reprodução/EPTV
Andrea Von Zuben, diretora do Devisa em Campinas — Foto: Reprodução/EPTV
O médico infectologista André Giglio Bueno compartilha o pensamento que nessa atual fase da pandemia da Covid-19, a “responsabilidade individual aumenta” e o distanciamento físico se faz necessário.
“No sentido das flexibilizações serem inevitáveis e com a tendência de progressão para a fase verde [do plano SP], é preciso aprender a conviver com essas medidas de controles individuais. As pessoas têm de adotar essas medidas com mais rigor”, afirma.
Excetuando a análise econômica da flexibilização, Bueno vê a retomada de parte das atividades como importante na área da Saúde, uma vez que muitas pessoas deixaram, durante os períodos de maior isolamento, de fazer consultas de rotinas, exames e rastreamentos.
“Acabou tendo um impacto durante a pandemia, com alguns pacientes ambulatoriais que precisaram adiar alguns procedimentos, mas muitos exames e consultas deveriam ter sido mantidos. Essa retomada, nesse ponto de vista, traz benefícios à saúde da população”, avalia Bueno.
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Aplicação de vacina chinesa Coronavac em voluntário em SP — Foto: Divulgação/Governo de SP
Aplicação de vacina chinesa Coronavac em voluntário em SP — Foto: Divulgação/Governo de SP
A superexposição dos testes das vacinas contra o coronavírus, com constantes promessas e anúncios de datas para a oferta de doses pode, segundo Raquel Stucchi, confundir a população. A infectologista diz crer – e torcer – pela eficácia de pelo menos um dos imunizantes, mas lembra que a expectativa criada pode criar uma falsa sensação de segurança.
“A pessoa ouve que vai ter vacina em poucas semanas, às vezes olha só a manchete, e tem essa falsa sensação. Quando tiver a vacina, e se tiver a vacina, é preciso saber quem será vacinado primeiro. Por uma questão de sobrevivência e otimismo, acho que teremos uma vacina. Mas é bom lembrar que tudo tem seu tempo”, enfatiza.
Andrea Von Zuben compartilha desse pensamento, e cita exemplos de outros imunizantes para explicar como uma vacinação em massa da população pode ser uma realidade ainda distante.
“Primeiro, a vacina não é uma realidade ainda. E não dá para ter a ilusão que, com a vacina, tudo vai voltar a ser como era antes. Não existe uma capacidade de produção para imunizar toda a população assim. Veja o caso da H1N1, a pandemia surgiu em 2009, e ainda não tem vacina para todo mundo, são priorizados grupos de risco”, explica a diretora do Devisa.
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Formas erradas e corretas de usar máscara de proteção contra o coronavírus — Foto: Arte/G1
Formas erradas e corretas de usar máscara de proteção contra o coronavírus — Foto: Arte/G1