Com alta do arroz e feijão, moradores da periferia recorrem a macarrão, verduras e até a diminuição de refeições; veja dicas de nutricionista

Alta no preço do arroz e do feijão exige que famílias do Alto Tietê procurem soluções para manter refeições nutritivas — Foto: Reprodução/Jornal Nacional 1 de 1
Alta no preço do arroz e do feijão exige que famílias do Alto Tietê procurem soluções para manter refeições nutritivas — Foto: Reprodução/Jornal Nacional

Alta no preço do arroz e do feijão exige que famílias do Alto Tietê procurem soluções para manter refeições nutritivas — Foto: Reprodução/Jornal Nacional

No prato do brasileiro não pode faltar a tradicional combinação do arroz com feijão. Esse casamento perfeito é a base da alimentação dos brasileiros, mas tem muita gente do Alto Tietê usando a criatividade para fazer o arroz e o feijão “render” até o final do mês. E eles são apenas alguns exemplos de alimentos que tiveram alta no preço nos últimos meses.

Para garantir a alimentação da família, a auxiliar de serviços gerais Miriam de Paulo Tavares, de 33 anos, mexeu no cardápio das refeições. Ela mora na Vila Estação, em Mogi das Cruzes, com o marido e dois filhos, um de 5 e outro de 9 anos. “Aqui em casa a gente continuou comprando o arroz, mas com certeza o macarrão ficou mais frequente nas refeições”, afirma.

Ela diz que o alimento ainda tem a vantagem de ser um dos preferidos dos filhos. “Mas três dias seguidos com certeza é o suficiente para sentirem falta do arroz com feijão. Então para que o valor do arroz não pese tanto no orçamento do mercado, estamos usando mais vezes na semana macarrão que de costume.”

Miriam destaca que antes pagava um saco de arroz de 5 quilos de R$ 10 a R$ 12, mas o último que comprou teve o valor de R$ 19.

Outro morador de Mogi das Cruzes que está se virando como pode para não faltar comida na mesa da família é o barbeiro William Moura D’Ambrósio. Ele mora no Distrito de Jundiapeba com a esposa, um filho de 7, um de 4 anos e um bebê de 6 meses.

D’Ambrósito diz que se não fosse pelas cestas básicas que tem recebido de doação não sabe se daria conta de comprar comida. “Com a pandemia teve redução tanto da demanda de serviço, quanto do cliente. Os preços subiram muito. Tenho trabalhado menos e ganhado menos, mas tendo mais gastos”, diz o barbeiro.

D’Ambrósio afirma que desde que voltou a trabalhar na barbearia que tem em Jundiapeba precisou investir em álcool em gel e outros produtos para reforçar a higiene do local. “Não tem como repassar esse custo para o cliente.”

Ele afirma ainda que chegou a diminuir o número de refeições durante o dia. “Tem dia que fico sem almoçar porque perco cliente. Às vezes levo uma fruta e priorizo a alimentação da família.”

D’Ambrósio destaca que em comparação ao ano passado diminuiu a compra de mistura, como carnes. “Temos usado muita verdura para incrementar a alimentação porque a mistura tá cara.”

Orientações para uma alimentação saudável

A nutricionista Simone Sanae Komatsu explica que a substituição do arroz por macarrão, por exemplo, não prejudica a alimentação. Porém, ela destaca que para isso é preciso ter outros alimentos na mesma refeição.

“Verdura de folhas verdes escuras, legumes, carne vermelha, peixe, frango ou até mesmo ovo, não haverá grandes prejuízos. Não há problema comer macarrão com mais frequência desde que os alimentos citados façam parte de todas as refeições.”

A nutricionista orienta que a substituição do arroz ou feijão pode ser feita com diversos alimentos. Ela aponta que para substituir o feijão, que é uma proteína vegetal, podem ser consumidos, por exemplo, espinafre, brócolis, aveia, tofu, chia e sementes de abóbora. “As leguminosas que pertencem à mesma família do feijão, tais como grão de bico, lentilha e ervilha, têm preço menos acessível à maioria da população, elas são muito mais caras.”

Já os substitutos do arroz podem ser batata, mandioca, mandioquinha, inhame, cará, macarrão integral ou não. Já no caso da carne bovina, a nutricionista indica que as crianças gostam muito de carne moída. E assim, quando houver promoção nos mercados de alguma carne que pode ser moída, ela pode ganhar um preparo especial. “Um refogado de carne moída com batata, cenoura e talos da folha da beterraba. O ideal é consumir de 2 a 3 vezes por semana.”

Mas no caso de realmente precisar substituir a carne nas refeições, ela aponta verduras de folha verde escura, beterraba e espinafre como boas fontes de ferro. “Mas para que esse mineral seja melhor absorvido, o ideal é temperar a salada com limão ou chupar uma laranja ou comer uma mexerica como sobremesa. A vitamina C presente nessas frutas ajuda nessa absorção.”

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By Tribuna ABC

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