Estoques de sangue passam por queda histórica no estado de São Paulo, diz diretor da Pró-Sangue

Diretor Técnico Científico da Pró-sangue, Alfredo Mendrone em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (9). — Foto: Divulgação/Governo do estado de São Paulo 1 de 1
Diretor Técnico Científico da Pró-sangue, Alfredo Mendrone em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (9). — Foto: Divulgação/Governo do estado de São Paulo

Diretor Técnico Científico da Pró-sangue, Alfredo Mendrone em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (9). — Foto: Divulgação/Governo do estado de São Paulo

Os estoques de sangue da Fundação Pró-Sangue passam por uma queda histórica, de acordo com o diretor técnico e científico da instituição, Alfredo Medrone. Segundo ele, a diminuição do número de doadores nunca foi tão duradoura no estado.

“Essa queda é histórica, não só pela intensidade da queda, mas pelo prolongamento que ela gerou. Nós já tivemos momentos críticos em outras situações da cidade ou mesmo do país, mas jamais por um tempo tão prolongado”, afirmou Mendrone nesta quinta-feira (9).

Desde o início da pandemia do coronavírus, o número de doadores de sangue caiu cerca de 50% no estado de São Paulo, segundo a Fundação Pró-sangue. O diretor da entidade explica que a queda a queda prolongada do número de doadores já é suficiente para causar um impacto significativo nos pacientes beneficiados pelas bolsas de sangue.

“Desde o inicio da pandemia, nós observamos uma queda significativa de doadores de sangue, não só na cidade de São Paulo, mas no estado e no país como um todo. Esses números chegaram a uma queda tão significativa como 50% em relação às nossas coletas basais. Especificamente, a Fundação Pró-Sangue coleta 10 mil bolsas de sangue por mês para atender toda a rede pública da Grande São Paulo. Uma queda de 50% de doadores significa uma queda do número de bolsas de sangue suficiente para causar um impacto muito significativo no atendimento do dia-a-dia dos nossos pacientes”, declarou Mendrone.

“Já tivemos quedas em outros momentos, mas ela nunca foi tão duradora. Só pra vocês terem ideia, normalmente nós temos uma queda significativa das doações em períodos de festas de final de ano e em janeiro, no período de férias escolares, mas essa queda significa 15%, no máximo 20%, dos nossos basais. Agora, nós chegamos a 50% de queda”, explicou o diretor da Pró-Sangue.

Alta da demanda em julho

Alfredo Mendrone pediu nesta quinta que a população de São Paulo volte a fazer doações de sangue e afirmou que uma série de mecanismos de segurança foram criados para evitar que os doadores corram risco de contaminação pelo coronavírus durante a doação.

“Os doadores hoje marcam horário, agendam o seu horário, no melhor dia e na melhor hora, e isto faz com que não haja aglomeração. Ofertamos todos os mecanismos de segurança que são descritos em todos os procedimentos, para que esse doador vá doar e se sinta seguro”, informou.

A Fundação Pró-Sangue ressalta que a demanda por sangue deve aumentar este mês de julho, devido a retomada da realização de cirurgias eletivas em São Paulo, que estavam suspensas desde março devido a pandemia de coronavírus.

“Se você me perguntar exatamente em quanto tempo a gente entra em colapso, é difícil precisar. Mas o que me preocupa agora é que, além de tudo, nós estamos tendo a retomada dos procedimentos eletivos. As cirurgias eletivas estão voltando a ser marcadas e, claro, isso vai aumentar o consumo de sangue. Então, eu preciso ter uma recuperação urgente e rápida disso para poder enfrentar essa nova demanda”, explicou Mendrone.

Como fazer a doação

Para doar é necessário estar em boas condições de saúde, ter entre 16 e 69 anos, mais de 50 kg, estar bem descansado no momento da doação, estar alimentado e apresentar documento original com foto recente. Segundo a Pró-sangue, pessoas que tiveram a Covid-19 podem doar 30 dias após o desaparecimento completo dos sintomas.

“A pergunta ‘será que tem algum doador que está assintomático com a doença doando?’, provavelmente sim. E a gente não faz teste para screening [triagem] de doador para a Covid-19, para o Sars-cov. Por que não? Primeiro porque a transmissibilidade através da doação se dá se o vírus estiver no sangue. Apenas 14% dos pacientes com Sars-cov tem viremia, ou seja, tem o vírus presente no sangue. E, ainda assim, não há descrição de transmissão pela transfusão de nenhum vírus respiratório, nem do Sars-Cov1, nem do mers, nem do Sars-cov2. Então, despender esforço na testagem do doador, não teria nenhum beneficio ao receptor. Não existe descrição de transmissão desse vírus pela transmissão”, disse o diretor da Pró-Sangue.

O agendamento das doações de sangue em São Paulo pode ser feito por meio do site da Fundação Pró-Sangue. No site o doador também encontra outras informações sobre as condições de saúde para doação de bolsas de sangue e também de plaquetas.

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*Com supervisão de Rodrigo Rodrigues

CORONAVÍRUS

By Tribuna ABC

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