Estudantes pedem demissão de professor que pediu para aluna supostamente sem roupa abrir câmera em aula on-line

Cartaz de protesto pela demissão de professor que teria cometido assediado aluna durante aula on-line em Franca, SP — Foto: Nathália Henrique/EPTV 1 de 5
Cartaz de protesto pela demissão de professor que teria cometido assediado aluna durante aula on-line em Franca, SP — Foto: Nathália Henrique/EPTV

Cartaz de protesto pela demissão de professor que teria cometido assediado aluna durante aula on-line em Franca, SP — Foto: Nathália Henrique/EPTV

Estudantes fizeram uma manifestação na porta da Faculdade de Direito de Franca (SP), nesta quinta-feira (1º), para pedir a demissão do professor William Tristão. No início da semana, o docente foi denunciado pelo Diretório Acadêmico à direção do centro universitário por um suposto ato de assédio contra uma aluna.

Um vídeo que circula nas redes sociais mostra Tristão pedindo para a estudante abrir a câmera depois que ela diz estar sem roupa. Os dois participavam de uma aula on-line. No diálogo, o professor repete o pedido em troca de meio ponto na disciplina. A jovem nega.

A faculdade instaurou um procedimento administrativo para apurar a conduta do professor. Também informou que não compactua com práticas de violência ou discriminação de qualquer natureza.

A universitária do curso de direito não registrou boletim de ocorrência. O Ministério Público (MP) deve enviar um ofício à Polícia Civil com pedido para instauração de inquérito.

Tristão alega que foi mal interpretado ao fazer uma brincadeira.

Estudantes fazem ato pela demissão de professor por suposto assédio contra aluna durante aula on-line em Franca, SP — Foto: Nathália Henrique/EPTV 2 de 5
Estudantes fazem ato pela demissão de professor por suposto assédio contra aluna durante aula on-line em Franca, SP — Foto: Nathália Henrique/EPTV

Estudantes fazem ato pela demissão de professor por suposto assédio contra aluna durante aula on-line em Franca, SP — Foto: Nathália Henrique/EPTV

Manifestação

O ato na frente da faculdade reuniu cerca de 20 jovens. O estudante Murilo Ravagnani, colega de sala da aluna que teria sido assediada, defende que a instituição puna o professor com a perda do cargo. Segundo Ravagnani, o grupo também quer que a comissão formada pela faculdade tenha mais mulheres.

“A gente vai acreditar no processo legal e acreditamos que ele seja demitido e expulso da faculdade. A gente quer que esse processo seja diversificado em relação aos professores e que a maioria sejam mulheres. Seria muito contraditório em um processo de assédio que professores homens julguem outro homem”, diz.

A universitária Beatriz Mortari, do 3° ano, diz que comportamentos como o do professor intimidam muitas mulheres, e que elas nem sempre têm coragem de denunciar os casos.

“A gente precisa de voz. A gente quer ser ouvida. A gente fica muito triste porque estamos aqui para estudar, se dedicar e aprender. Por isso, esperamos uma posição justa para que nos sintamos representados pela nossa própria faculdade.”

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Estudantes fazem ato pela demissão de professor por suposto assédio contra aluna durante aula on-line em Franca, SP — Foto: Nathália Henrique/EPTV

Estudantes fazem ato pela demissão de professor por suposto assédio contra aluna durante aula on-line em Franca, SP — Foto: Nathália Henrique/EPTV

Aula on-line

A aula aconteceu na noite de segunda-feira (28) de forma remota, já que as atividades presenciais estão suspensas na faculdade em virtude da pandemia de Covid-19.

O professor e advogado William Tristão disse que fazia perguntas aos alunos referentes à disciplina. Ganharia meio ponto quem respondesse e acertasse.

Ele relatou que insistiu algumas vezes para que a estudante abrisse a câmera e falasse pelo microfone, mas ela disse que não podia, pois estava sem roupa para tomar banho.

As imagens da aula, obtidas pela EPTV, afiliada da TV Globo, mostram o diálogo. Leia:

  • Professor: Abre a câmera aí.
  • Aluna: Não dá.
  • Professor: Deve estar horrível.
  • Aluna: Não, não é isso não. É porque eu ia tomar banho e estou sem roupa (risos). Não dá para abrir.
  • Professor: Abre a câmera aí.
  • Aluna: Não, não vou abrir.
  • Professor: (risos). Ou, está de sacanagem comigo?
  • Aluna: Não. Estou falando sério.
  • Professor: Meio ponto.
  • Aluna: Obrigada.
  • Professor: Não, para você abrir a câmera.
  • Aluna: Eu estudo. O que é isso?
Trecho da conversa da aluna e o professor durante aula on-line da Faculdade de Direito de Franca, SP — Foto: Reprodução 4 de 5
Trecho da conversa da aluna e o professor durante aula on-line da Faculdade de Direito de Franca, SP — Foto: Reprodução

Trecho da conversa da aluna e o professor durante aula on-line da Faculdade de Direito de Franca, SP — Foto: Reprodução

O que diz o professor

Tristão disse que tem liberdade com a estudante e que os pais deles trabalharam juntos. Além disso, informou que tem intimidade para brincar pois ela não é uma pessoa desconhecida para ele.

“Nesse momento eu fiz uma brincadeira com ela. Falei assim: ‘nossa’. Porque eu vinha atribuindo meio ponto pra várias pessoas. Falei: ‘não, abre a câmera aí que ganha meio ponto’. Essa é a conversa”, afirmou.

O professor contou que após a aula e no dia seguinte conversou com a aluna. Ela relatou que foi procurada pelo diretório acadêmico e por outros colegas, mas falou para ele que não se sentiu ofendida e nem se sentiu assediada.

“Tecnicamente o direito protege a pessoa que é atingida. Então se a aluna não se sentir ofendida ou assediada, acabou. Não há que se falar em assédio. ‘Ah, mas eu luto com os direitos das mulheres’. São outros quinhentos. Isso pode ser uma questão ético-moral, não jurídica. O direito não se confunde com a moral”, disse.

O professor e advogado William Tristão, em Franca, SP — Foto: Reprodução/EPTV 5 de 5
O professor e advogado William Tristão, em Franca, SP — Foto: Reprodução/EPTV

O professor e advogado William Tristão, em Franca, SP — Foto: Reprodução/EPTV

By Tribuna ABC

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