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Leandro Gustavo de Araújo Rosa, de 18 anos, foi morto a tiros pela PM no Campo dos Alemães — Foto: Arquivo Pessoal
Leandro Gustavo de Araújo Rosa, de 18 anos, foi morto a tiros pela PM no Campo dos Alemães — Foto: Arquivo Pessoal
A família do jovem Leandro Gustavo de Araújo Rosa, de 18 anos, morto em uma ação da PM no domingo (4) em São José dos Campos, contesta a versão apresentada pela corporação. A morte também causou revolta dos moradores do bairro Campo dos Alemães, que fizeram um protesto nesta segunda-feira (5) (leia mais abaixo).
Segundo o boletim de ocorrência que o G1 teve acesso, os policiais registraram que um casal teria sido abordado por dois homens armados em uma moto que tentaram roubar eles.
O casal estava de carro e reagiu acelerando o veículo e fugindo. Minutos depois, eles encontraram a viatura da PM e passaram as características da dupla para os policiais, que começaram as buscas. No B.O., os policiais registraram que Leandro estava com um amigo e os dois tinham as características passadas pelas duas vítimas — apesar de estarem em uma bicicleta e não em uma motocicleta.
Segundo a família, Leandro Rosa morava com a avó há três meses no bairro. Ele era estudante do 2° ano do ensino médio e trabalhava como servente de pedreiro para ajudar no orçamento da casa. A irmã, Ana Heloísa Rosa, conta que eles só souberam da morte quase 12 horas depois, em buscas por delegacias e no IML após o jovem não voltar para casa.
“Nós não sabíamos onde ele estava e começamos a procurar. Ninguém nos avisou do que houve. Soubemos que teve alguém morto, mas jamais imaginávamos que era meu irmão. Ele não tinha problema com a justiça ou qualquer envolvimento com o crime”, conta.
De acordo com o registro feito no B.O., no momento da abordagem, o amigo dele, de 19 anos, se deitou no chão, mas Leandro teria resistido e ainda tentado sacar uma arma. Em seguida os policiais fizeram três disparos. O jovem morreu no local. Com ele foi apreendida uma arma de brinquedo.
Apesar do amigo ter sido detido pela polícia na abordagem, ele não consta no boletim como autor do crime de tentativa de roubo. Apenas Leandro.
À família, amigos disseram que ele havia deixado o local em que estava e seguia para casa quando foi abordado. Ele morreu duas ruas antes de chegar em casa.
Sobre a alegação da polícia, a família contesta dizendo que ele não tinha habilitação, não sabia dirigir e, por isso, não teria como estar em uma moto.
“Quem aponta uma arma de brinquedo para policiais armados? Quem sem habilitação dirige uma moto? Por que os dois eram suspeitos, mas só meu irmão foi dado como criminoso? Eu quero que a polícia esclareça, porque meu irmão não era um criminoso”, disse a irmã.

Jovem foi baleado em ação da PM — Foto: Arquivo Pessoal
Jovem foi baleado em ação da PM — Foto: Arquivo Pessoal
A família contesta a versão da PM alegando a alta de mortes por intervenção policial na zona sul. Eles acusam a PM de uso abusivo de força. De acordo com os dados da Secretaria de Segurança Pública, no primeiro semestre deste ano, o número de mortos pela polícia é o maior já registrado, com 25 pessoas mortas.
Os dados de morte por intervenção policial na região do Vale do Paraíba passaram a ser registrados em 2005 e desde então não eram tão altos.
Em protesto pela ação, moradores fizeram uma passeata com cartazes pedindo atenção das autoridades para o caso. Eles queimaram pneus e pedaços de madeira e interditaram uma avenida do bairro. Não houve registro de ocorrência policial durante os atos.
O que diz a PM
Ao G1, a PM encaminhou nota reforçando que Leandro era suspeito da tentativa de roubo e que teria tentado apontar uma arma aos policiais.
“O suspeito de autoria da tentativa de roubo não obedeceu a verbalização na tentativa de abordagem ao infrator este colocou as mãos na cintura, foi quando um dos policiais para se defender da iminente agressão sacou sua arma e efetuou disparos contra o suspeito que ao cair ao solo soltou o armamento. Após a ação, a equipe constatou que o armamento do indivíduo se tratava de um simulacro de arma de fogo”.
A corporação informou ainda que foi instaurado um Inquérito Policial Militar para a apuração do caso, que também é acompanhado pela Corregedoria PM.

Moradores fizeram protesto próximo a casa de jovem — Foto: Arquivo Pessoal
Moradores fizeram protesto próximo a casa de jovem — Foto: Arquivo Pessoal
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