O diretor-geral, Tedros Adhanom Ghebreyesus, reiterou que ainda não se sabe o quanto eles podem disseminar a doença. Diretor de emergências, Michael Ryan, também comentou sobre a chegada do inverno no Hemisfério Sul e como isso pode influenciar o espalhamento do novo coronavírus. O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em coletiva nesta sexta-feira (21).
Reprodução/Twitter WHO
O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, reforçou, nesta quarta-feira (10), que pacientes sem sintomas de Covid-19 podem transmitir a doença. O que ainda não se sabe, reiterou Tedros, é o quanto eles disseminam a doença.
A entidade também comentou sobre o possível impacto da chegada do inverno na transmissão da doença no Hemisfério Sul (veja detalhes mais abaixo nesta reportagem).
“Desde o início de fevereiro, dissemos que pessoas assintomáticas podem transmitir a Covid-19, mas precisamos de mais pesquisas para estabelecer a extensão da transmissão assintomática. Essas pesquisas estão em andamento, esclareceu Tedros.
O debate em torno da transmissão da doença por pacientes assintomáticos causou confusão nesta semana.
Na segunda-feira (8), a líder técnica da entidade, Maria van Kerkhove, afirmou que a Covid-19 só era transmitida “raramente” por pessoas sem sintomas. A fala, entretanto, foi criticada por pesquisadores.
Na terça (9), entretanto, ela e o diretor de emergências da organização, Michael Ryan, explicaram que essas pessoas transmitem, sim, a doença – o que não está claro, ainda, é o quanto.
OMS corrige declaração e afirma que pacientes assintomáticos podem transmitir a Covid-19
Van Kerkhove completou dizendo que “acho que é um mal-entendido afirmar que uma transmissão assintomática globalmente é muito rara, sendo que eu estava me referindo a um subconjunto de estudos. Também me referi a alguns dados que ainda não foram publicados, e essas são as informações que recebemos de nossos Estados-Membros”.
Chegada do inverno
27 de maio: mulheres usando máscaras contra a Covid-19 esperam refeição na favela de Flor de Amancaes, perto de Lima, no Peru.
Martin Mejia/AP
O diretor de emergências da organização, Michael Ryan, respondeu a uma pergunta sobre a chegada do inverno na América do Sul e uma possível piora na disseminação do novo coronavírus (Sars-CoV-2).
Na terça (9), a Opas, braço da OMS nas Américas, sinalizou que a estação traria dificuldades no combate à doença.
“O vírus influenza tem uma estação no Hemisfério Norte e no Hemisfério Sul, e agora o Hemisfério Sul vai começar a época de influenza. Mas não sabemos se a Covid-19 vai se comportar da mesma forma”, lembrou.
Ryan também destacou que há uma diferença entre o clima temperado do Hemisfério Sul – de países como Austrália, Nova Zelândia, África do Sul, Chile, Argentina –, onde a época de maior circulação dos vírus influenza está ligada ao inverno.
Já na região central equatorial do Hemisfério Sul, o comportamento do vírus não é tão previsível, e a temporada de influenza tende a se espalhar.
Na semana passada, uma reportagem do G1 mostrou que vários estados brasileiros ainda estão nos períodos em que há maior circulação de vírus respiratórios. No Sul e Sudeste, essa maior circulação está associada às baixas temperaturas do inverno; no Nordeste, ao período chuvoso, assim como no Norte – única região do país que pode já ter passado, neste ano, pela época de maior incidência dos vírus.
Ryan destacou que os riscos relacionados à circulação dos vírus influenza, por exemplo, não estão especificamente ligadas aos vírus em si, mas aos comportamentos humanos que mudam conforme a estação.
Michael Ryan, diretor-executivo do programa de emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS)
Christopher Black/OMS
“No ambiente europeu, por exemplo, as pessoas podem argumentar que há menos transmissão no verão, porque as pessoas vão para a rua, tem menos aglomerações em ambientes fechados. Mas também se pode argumentar, nos climas quentes, que, com a chegada do ar condicionado, as pessoas tendem a ir para ambientes internos, porque o tempo fica quente demais”, ponderou o diretor de emergências.
“Mas neste momento, só para esclarecer, não temos ideia de como a doença [Covid-19] vai se comportar no futuro”, disse.
Ryan reiterou que, no caso da América do Sul, o que tem se visto é um aumento “progressivo e persistente” dos casos. A OMS já havia sinalizado que a região se tornou “o novo epicentro” de disseminação do coronavírus.
“É profundamente preocupante. E precisamos nos concentrar em conter, parar e suprimir esta doença. Se mudanças no clima ajudarem nisso, ótimo. Mas não podemos nos apoiar em que uma mudança de estação, ou temperatura, será a resposta para isso. Não é a resposta”, disse o diretor.
“Precisamos nos concentrar nas medidas de saúde pública, nas medidas sociais, higiene, que já provaram, no resto do mundo, que são capazes de controlar essa doença”, afirmou.
Initial plugin text
GOVERNO OMITE DADOS SOBRE CORONAVÍRUS×