
Famílias escrevem cartas para pacientes internados na Santa Casa de Sertãozinho, SP
Internada há duas semanas com coronavírus, a aposentada Lídia Santos de Oliveira, de 64 anos, foi pega de surpresa ao receber cartas dos filhos e dos amigos na Santa Casa de Sertãozinho (SP).
Sentada no leito de enfermaria, Lídia escutou a psicóloga do hospital ler em voz alta a mensagem do filho dela, o professor de educação física Daniel de Souza. A idosa ficou emocionada ao ouvir as palavras carregadas de saudade e esperança.
“[Com as cartas], ela percebe a importância que tem para todo mundo aqui fora. A gente acaba descobrindo só no momento de dificuldade o quão importante a gente é um para o outro”, diz o professor.

Internada com Covid-19, idosa se emociona ao receber cartas de familiares na Santa Casa de Sertãozinho (SP) — Foto: Santa Casa/Divulgação
Internada com Covid-19, idosa se emociona ao receber cartas de familiares na Santa Casa de Sertãozinho (SP) — Foto: Santa Casa/Divulgação
Lídia também recebeu cartas da filha e dos amigos da igreja, além de um desenho da neta. Os familiares, por sua vez, receberam vídeos da aposentada para matar a saudade. O quadro da paciente é estável, mas não há previsão de alta.
“A gente não tem uma noção clara de como ela está. A gente estava bem preocupado e, no momento em que vimos a reação e a alegria dela ao receber as cartas, foi uma alegria imensa”, diz o filho.

Familiares e amigos escrevem cartas para aposentada internada com coronavírus na Santa Casa de Sertãozinho (SP) — Foto: Santa Casa/Divulgação
Familiares e amigos escrevem cartas para aposentada internada com coronavírus na Santa Casa de Sertãozinho (SP) — Foto: Santa Casa/Divulgação
Humanização
Dona Lídia, como é carinhosamente chamada pela equipe médica, foi uma das primeiras pacientes a participar do projeto de humanização da Santa Casa, criado pela psicóloga e pela assistente social do hospital.
A ideia surgiu a partir da preocupação dos familiares dos pacientes, que não podem fazer visitas devido ao risco de contágio do coronavírus e perdem o contato, já que celulares não entram na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e, mesmo na enfermaria, há dificuldade de comunicação.
“É uma maneira de mostrar para o paciente que, lá fora, tem alguém que lembra dele e está torcendo para que ele volte logo. Isso ajuda na melhora do paciente. Eles ficam ainda mais animados para querer ir embora”, diz a psicóloga Talita de Lima.

Internada com Covid-19, idosa se emociona ao receber cartas de familiares na Santa Casa de Sertãozinho (SP) — Foto: Santa Casa/Divulgação
Internada com Covid-19, idosa se emociona ao receber cartas de familiares na Santa Casa de Sertãozinho (SP) — Foto: Santa Casa/Divulgação
A psicóloga, que é responsável pela humanização do hospital, diz que a maioria dos pacientes internados com Covid-19, especialmente os idosos, têm medo de a doença se agravar e, por isso, ouvir as mensagens dos familiares funciona como uma injeção de ânimo.
“A carta está ultrapassada, mas é muito especial, porque a gente tira um tempo para escrever bonitinho. Essa pessoa que fica aqui isolada tem medo de acabar morrendo, então esse contato ajuda muito. A gente tenta trabalhar o psicológico do paciente, além de tratar a doença”, diz.
*Sob supervisão de Thaisa Figueiredo