
Pesquisa aponta diminuição na renda dos trabalhadores
Quase metade dos brasileiros viu a renda diminuir neste período de pandemia, de acordo com uma pesquisa do Datafolha. No Alto Tietê, os efeitos dessa crise sanitária provocada pela Covid-19 pesam muito no bolso do trabalhador.
Nos últimos meses, muitas pessoas tiveram redução de salário e precisaram conter os gastos. “O pouquinho que diminuiu tem feito falta, porque atrasou o pagamento. O governo mudou a data e atrasou um pouco as contas. Eu tento economizar, mas está difícil, porque as contas atrasam, e aí correm os juros. E eles não tiram os juros. A gente paga com juros mesmo assim”, disse a auxiliar de produção Roseli Farias.
Não foi apenas o salário de Roseli que foi reduzido. Ela conta que o marido também tem recebido menos. “Ele é motorista de ônibus, então a dele reduziu a carga horária, reduziu o salário e, como eles têm direito a vale-refeição, também reduziu o VR. O dele prejudicou bem mais que o meu”.
A pesquisa realizada pelo Datafolha revelou que a crise causou a diminuição de renda de 46% dos brasileiros. Ainda segundo a pesquisa, quatro em cada dez trabalhadores formais tiveram redução de jornada de trabalho. Além disso, na parcela de renda familiar mensal, de até dois salários mínimos, 48% viram a renda diminuir.
Diego Silva dos Santos é frentista. O salário continua o mesmo, mas os benefícios diminuíram e estão fazendo falta. “Fez muita diferença, porque o valor com que eu fazia a compra do mês agora é a metade desse valor. Tive que completar com o dinheiro do bolso. Não era algo que estava programado”.
Para quem viu a renda zerar e a conta ficar no vermelho, o jeito foi procurar por alternativas. Willis Caetano de Oliveira é fotógrafo e alugava brinquedos para festas. Agora, ele está consertando fogões, já que as contas não param de chegar neste tempo.

Fotógrafo passou a se dedicar à reforma e ao conserto de fogões — Foto: Reprodução/TV Diário
Fotógrafo passou a se dedicar à reforma e ao conserto de fogões — Foto: Reprodução/TV Diário
“Eu comecei a comprar e vender fogão. Surgiu uma pessoa querendo conserto de fogão. Eu fui lá, consertei, e aí ela passou para outra pessoa, que também pediu conserto. Aí eu uni duas coisas. Comprar fogão, reformar e revender, e também consertar fogão em domicílio”.
A câmera, fiel companheira dele, por enquanto está parada. A renda atual não chega perto do que ele ganhava antes, mas já é o suficiente para enfrentar este período.
“Na crise, eu encontrei a solução por meio do conserto de fogão e das reformas. Eu gostei muito da profissão e acredito que, depois da pandemia, vou continuar”.
Especialista dá dicas para pessoas tentarem equilibrar as finanças
Em entrevista ao Diário TV 1ª Edição, o especialista em gestão de pessoas e vendas Carlos Costa Júnior deu dicas de como buscar um equilíbrio financeiro, principalmente neste momento de crise.
“A gente tem dois pontos a serem analisados. Um é o comportamento, e outro é o hábito. Para que a gente consiga incluir o comportamento e o hábito, a gente precisa ter um objetivo ou uma estratégia, para conseguir canalizar nossa energia. Eu fui bancário por muitos anos e consegui perceber o comportamento de muitos clientes. E é interessante porque não é o quanto você ganha. Havia pessoas que ganhavam muito bem, mas não conseguiam guardar dinheiro, e havia pessoas que ganhavam bem menos e que conseguiam guardar dinheiro. Isso está associado ao comportamento e ao hábito”.
“Uma estratégia simples é a gente direcionar, em percentual, para onde está indo esse dinheiro. A gente pode pegar 50% da nossa renda e distribuir em gastos essenciais, como moradia, alimentos e gastos básicos. Outros 25% a gente pode direcionar para uma emergência. É o que estamos vivendo neste momento de pandemia. Outros 15%, por exemplo, você pode direcionar para diversão, para você ser feliz também. E por último, uns 10% você pode direcionar para investimentos. E lembrando que você pode direcionar isso usando uma planilha, ou por meio de algum aplicativo”.
O profissional citou cinco tópicos que as pessoas podem tentar seguir para, dessa forma, terem uma vida financeira mais saudável e controlada.
“Vou compartilhar cinco hábitos que podem ajudar. O primeiro é criar o hábito de começar a pagar à vista. Quando você passa no crédito, esse valor ainda vai vir para você, e você nem vê no momento. O segundo é criar um compromisso pessoal com você mesmo, como se fosse um boleto, do seu futuro, e todo mês você paga esse valor para você mesmo. O terceiro ponto é analisar o agora e o depois. Às vezes tem o lançamento de um celular incrível, e você fica empolgado e paga horrores por ele. Mas, se você analisar o depois, talvez daqui a alguns meses, pode ser que encontre esse celular um pouco mais barato. Isso é uma estratégia para você economizar e ter, a médio prazo, aquilo que quer comprar”.
“O quarto ponto, que é muito importante, é anotar suas despesas. Seja o mais baratinho quanto o mais caro, mas anote para você entender para onde seu dinheiro está indo. E o último ponto é que a gente tem o hábito de só economizar, cortar custos. Isso é importante, mas, além disso, é importante criar o hábito de aumentar sua receita. Temos exemplos de pessoas que estavam recebendo o benefício do governo e começaram a criar marmitas, aumentando sua receita”.