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Pobreza menstrual atinge 12% da população feminina global — Foto: Agência Canarinho/G1
Pobreza menstrual atinge 12% da população feminina global — Foto: Agência Canarinho/G1
Alunas da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) criaram um projeto de arrecadação de absorventes para combater a pobreza menstrual na cidade, caracterizada principalmente pela falta de acesso a produtos higiênicos durante a menstruação. Desde julho, mais de 2 mil itens foram doados.
Idealizado pela estudante de fisioterapia Mariana Brasil e pela aluna de letras Júlia Leite, o projeto ‘Unidas pelas Mulheres’ surgiu durante a quarentena com a meta de dar suporte a mulheres em situação de vulnerabilidade.
“Nosso objetivo é levar os absorventes e também educação menstrual. Junto com o pacote entregamos uma cartilha que ensina como utiliza-lo corretamente”, afirmou Mariana.
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ONU garante que higiene menstrual é questão de saúde pública e direitos humanos — Foto: Arquivo Pessoal
ONU garante que higiene menstrual é questão de saúde pública e direitos humanos — Foto: Arquivo Pessoal
Pobreza menstrual
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a pobreza menstrual atinge 12% da população feminina do mundo. Por isso, em 2014, a organização reconheceu que o direito das mulheres à higiene menstrual é uma questão de saúde pública e de direitos humanos.
No Brasil, contudo, às mulheres não tem acesso gratuito a este item básico porque não há distribuição pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Uma pesquisa de uma marca de absorventes com mais de 9 mil brasileiras apontou que 22% das meninas na faixa etária de 12 a 14 anos dizem não ter acesso a produtos higiênicos adequados para a menstruação. Já entre 15 a 17 anos, o percentual sobe para 26%.
“É comum que na falta de absorvente seja realizada a substituição por pedaços de pano, miolo de pão ou algodão, e essas substituições muitas vezes podem ser extremamente prejudiciais para o organismo da mulher”, afirmou Mariana.
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Na Uganda, pacote de absorventes femininos custa o equivalente a um dia de trabalho para quem ganha salário mínimo — Foto: BBC
Na Uganda, pacote de absorventes femininos custa o equivalente a um dia de trabalho para quem ganha salário mínimo — Foto: BBC
Saneamento
Além da dificuldade de acesso a produtos higiênicos, a pobreza menstrual está associada à falta de saneamento básico e água. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2019, cerca de 18,4 milhões de brasileiros não recebiam água encanada diariamente e 1,6 milhão de domicílios não tinham banheiros.
A situação é dificultada pelo tabu que envolve o assunto, o que faz com que meninas não recebam educação adequada para lidar com este momento. Outra pesquisa da marca de absorventes, feita com 1,5 mil mulheres de 14 a 24 anos em cinco países, mostrou que uma em cada 10 deixam de trabalhar e/ou estudar quando estão menstruadas.
Unidas pelas Mulheres
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Mulheres de São Carlos (SP) criam projeto para arrecadar absorventes — Foto: Arquivo Pessoal
Mulheres de São Carlos (SP) criam projeto para arrecadar absorventes — Foto: Arquivo Pessoal
Percebendo o problema, as duas estudantes e sete voluntárias se uniram para tentar assegurar a higiene menstrual em São Carlos, ao mesmo tempo em que tentam levar educação menstrual por meio das redes sociais do projeto.
“Fazemos posts sobre assuntos que pensamos ser importantes de ser abordados, como amenizar a cólica menstrual e como usar absorvente interno, externo, coletores…”, contou a voluntária Mariela Salvini.
Desde julho, o grupo entregou cerca de 2 mil absorventes para mulheres que, geralmente são de baixa renda, solteiras e com filhos. Uma das beneficiadas, que preferiu não se identificar, conta que o projeto ajudou bastante.
“Sou solteira e tenho quatro filhos. Este projeto é de uma grande ajuda para nós mulheres. Como eu estou desempregada, não tenho condições de comprar absorvente… Estava usando fralda do meu bebê”, comentou.
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Projeto ‘Unidas pelas Mulheres’ já doou mais de 2 mil absorventes à mulheres de São Carlos (SP) — Foto: Arquivo Pessoal
Projeto ‘Unidas pelas Mulheres’ já doou mais de 2 mil absorventes à mulheres de São Carlos (SP) — Foto: Arquivo Pessoal
Com dificuldades em mapear as mulheres que precisavam de ajuda e realizar as entregas, o ‘Unidas pelas Mulheres’ fechou uma parceria com a regional do grupo católico Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP), que assiste 255 famílias em Ibaté, Ribeirão Bonito e São Carlos (SP).
Os absorventes arrecadados pelas estudantes são entregues aos vicentinos que os colocam nas cestas de alimentos que entregam mensalmente.
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Voluntários da ‘Sociedade de São Vicente de Paulo’ e grupo ‘Unidos pelas Mulheres’ durante entregas de itens à famílias em situação de vulnerabilidade — Foto: Arquivo Pessoal
Voluntários da ‘Sociedade de São Vicente de Paulo’ e grupo ‘Unidos pelas Mulheres’ durante entregas de itens à famílias em situação de vulnerabilidade — Foto: Arquivo Pessoal
“Absorvente era um item que quase nunca recebemos, pois as pessoas priorizam outras coisas, no entanto é um produto fundamental, visto que temos muitas mulheres nas famílias [ajudadas]. Estamos muitos felizes em ser parceiros desse projeto”, disse a vicentina Cariza de Cássia Spinazola.
O grupo também fez parceria com a Associação dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeosep), com a Rede Feminina de Combate ao Câncer, o Quarentena sem Fome e Cestou na Quarentena.
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Ponto de coleta na loja LimpFácil arrecada absorventes para o projeto ‘Unidas pelas Mulheres’ — Foto: Arquivo Pessoal
Ponto de coleta na loja LimpFácil arrecada absorventes para o projeto ‘Unidas pelas Mulheres’ — Foto: Arquivo Pessoal
Para contribuir
Quem quiser contribuir com o projeto, há quatro formas de participar:
- Doação de absorventes diretamente para as voluntárias. O contato pode ser feito pela página do Facebook para marcar dia, horário e local para a retirada;
- Entregando no ponto de coleta na loja LimpFácil, localizada na Av. Sallum, 459, Vila Prado;
- Há arrecadação de dinheiro online na plataforma ‘Benfeitoria’, onde é possível doar o mínimo de R$ 10 por mês (a assinatura pode ser cancelada a qualquer momento);
- Depósito online nas contas bancárias das voluntárias (o contato para obter os dados pode ser feito pelo número (16) 99885-9655.
Por outro lado, quem quiser ser beneficiária do projeto, deve entrar em contato com a regional dos vicentinos pelo número (16) 3371-1398 para preencher uma ficha cadastral e agendar uma visita.
*Sob supervisão de Fabiana Assis, do G1 São Carlos e Araraquara.