Próxima gestão de Praia Grande terá de lidar com prejuízos causados pela suspensão de aulas presenciais

Em Praia Grande, há 8.483 alunos matriculados na pré-escola, que corresponde à faixa dos 4 aos 5 anos — Foto: Divulgação/Prefeitura de Praia Grande 1 de 1
Em Praia Grande, há 8.483 alunos matriculados na pré-escola, que corresponde à faixa dos 4 aos 5 anos — Foto: Divulgação/Prefeitura de Praia Grande

Em Praia Grande, há 8.483 alunos matriculados na pré-escola, que corresponde à faixa dos 4 aos 5 anos — Foto: Divulgação/Prefeitura de Praia Grande

Na área da Educação Infantil, um dos desafios da próxima gestão de Praia Grande, no litoral de São Paulo, será lidar com os prejuízos causados pela suspensão de aulas presenciais durante a pandemia de Covid-19, principalmente entre as crianças de 5 anos de idade, que passarão da pré-escola para o Ensino Fundamental em 2021.

“Se essas crianças tiverem material suficiente, como um computador, e acompanharam todas as propostas feitas pelas escolas, elas não perderam tanto. Mas, aquelas que não têm acesso a uma internet boa, não têm equipamentos para poder interagir, eu penso que essas, especialmente as de 5 anos, tiveram uma perda significativa, porque já se inicia uma pré-alfabetização com essa idade”, explica a pedagoga Marly Saba.

Com as aulas virtuais, a participação dos pais ganha ainda mais importância, segundo a pedagoga, já que, agora, todas as atividades passadas pelos professores precisam ser feitas em casa.

“Algo positivo foi, certamente, as famílias conhecerem o trabalho do professor”, destaca Marly. Mestre em Educação, ela diz que, muitas vezes, o trabalho da educação infantil é minimizado.

“Acham que é mais lúdico, que é mais brincadeira. Mas, na verdade, existe uma intencionalidade quando se prepara uma atividade, com objetivos, com conteúdos específicos. Agora, os pais conhecem melhor o trabalho do professor”.

Impacto social

Para Marly Saba, o impacto da suspensão das aulas presenciais vai além do aspecto do conhecimento. “Os alunos da escola pública tiveram um impacto social, também. Tem a questão da merenda, os passeios organizados pela escola. Essa perda foi além do dia a dia da escola”, comenta.

Na visão de Marly, o professor polivalente – aquele que trabalha com crianças de até 10 anos – teve seu trabalho ainda mais destacado.

“Os pais realmente entenderam a importância da escola e do professor para os seus filhos. Às vezes, os pais não dão conta de dois filhos em casa, nós damos conta de 35 em sala de aula. Fico muito feliz de ver essa profissão sendo mais valorizada. Espero que os governantes também pensem assim”.

Crianças sentem falta da escola

Em Praia Grande, há um total de 77 escolas municipais. De acordo com a prefeitura, atualmente, há 55.789 alunos matriculados na rede municipal de ensino. Desse total, 8.483 correspondem a alunos da pré-escola – crianças com 4 a 5 anos.

Como medida para evitar o contágio pelo novo coronavírus, a cidade definiu, em agosto, que as aulas presenciais na rede municipal de ensino não serão retomadas em 2020, após uma pesquisa com 22 mil pais e responsáveis.

A suspensão trouxe aos pais tranquilidade e, ao mesmo tempo, a tarefa de se reinventar para dar conta de conciliar o trabalho com os cuidados com a família, incluindo a supervisão dos filhos na realização das tarefas online.

A projetista Larissa Laure Cirillo, de 32 anos, conta com a ajuda da mãe para cuidar de sua filha enquanto trabalha. “Graças a Deus, minha mãe me ajuda. E meu trabalho é meio período, então, eu consigo fazer tudo”, diz Larissa, que tem uma filha de 4 anos, aluna na rede municipal de ensino.

Como não há aulas presenciais, ela diz que reserva parte do tempo para ajudar a filha a fazer as atividades da escola. “A prefeitura criou um portal onde temos acesso às atividades, apostilas e orientação via vídeo, página por página”, conta.

Para Larissa, a maior dificuldade foi no início da pandemia, quando ficou por pelo menos 40 dias com a filha em casa. “Foi muito desgastante, principalmente para ela, que tinha muitas atividades e, do nada, parou com tudo. Ela sentiu e ainda sente falta da escola e da vida que tínhamos antes”, diz Larissa.

Quem também ajuda a filha com as tarefas da escola é a administradora Elaine de Mattos, de 45 anos. Com a suspensão das aulas presenciais, ela diz que comprou um caderno para incentivar a filha de 4 anos, também aluna na rede municipal de ensino de Praia Grande, a escrever as letras e os números.

“Minha filha sente muita falta da rotina de ir para a escolinha, de rever os amiguinhos, encontrar a professora nova. Estava sendo tudo novo e muito bom, pois ela vinha da escola muito mais feliz. Com essa pandemia, tudo mudou”, conta.

Para tentar minimizar os impactos causados pela pandemia, ela diz que procura manter a rotina de quando levava a filha à escola. Pela manhã, ela dá banho e almoço. À tarde, ajuda a criança com as atividades enviadas pelos professores. “Mas, não tem jeito, ela sente muita falta da escola e dos amigos”.

Eleições 2020

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By Tribuna ABC

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