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Cortina de poeira cobriu Ribeirão Preto, SP, nesta quinta-feira (8) — Foto: Reprodução/EPTV
Cortina de poeira cobriu Ribeirão Preto, SP, nesta quinta-feira (8) — Foto: Reprodução/EPTV
A cortina de poeira que cobriu Ribeirão Preto (SP) nesta quinta-feira (8) ajudou a piorar a qualidade do ar. Segundo a professora de química Lúcia Campos, além de terra, o material que ficou suspenso contém elementos cancerígenos. “O solo foi varrido para cima. Esse material fino é rico em substâncias orgânicas e muitas delas têm potencial cancerígeno”, diz.
Por volta das 6h, o céu ficou vermelho. Os ventos chegaram a 64 km/h. Segundo a Somar Meteorologia, a ventania foi causada pela influência de dois sistemas de baixa pressão atmosférica: um no litoral de São Paulo e outro no Mato Grosso do Sul.
De acordo com a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), Ribeirão Preto registrou índice muito ruim da qualidade do ar pela manhã. A última vez em que isso aconteceu foi no dia 19 de setembro – um dia após os incêndios em áreas de mata na zona Sul da cidade.
A Cetesb avalia a condição do ar nas cidades como boa, moderada, ruim, muito ruim e péssima.

Ventos de mais de 60 km/h atingem cidades da região de Ribeirão Preto, SP
Partículas no organismo
A professora Lúcia Campos compara o cenário à passagem de um comboio de caminhões por uma estrada de terra em um período de estiagem. As partículas suspensas, grossas e finas, vão parar dentro do organismo, mas de duas formas.
“O grosso não entra lá no fundo do sistema respiratório. Ele fica mais nas vias aéreas superiores e você tem mais problemas alérgicos, congestão nasal, irritação. O material fino tem potencial de maior risco. Ele já penetra as vias respiratórias, vai até o pulmão e pode chegar na corrente sanguínea.”
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Cortina de poeira no céu de Ribeirão Preto, SP, nesta quinta-feira (8) — Foto: Reprodução/EPTV
Cortina de poeira no céu de Ribeirão Preto, SP, nesta quinta-feira (8) — Foto: Reprodução/EPTV
Lúcia afirma que o material fino é proveniente das queimadas em áreas de vegetação. “Só chamas com altas temperaturas é que conseguem quebrar as moléculas em um material fininho. Isso é mais preocupante do que um vento que acontece de vez em quando. São as queimadas.”
Para reduzir o risco de câncer por causa do contato com esse material, Lúcia diz que a Organização Mundial de Saúde (OMS) estabelece o índice 1 como parâmetro ideal de compostos orgânicos no ar. Ribeirão, no entanto, tem registrado níveis preocupantes.
“A OMS tem uma medida com diversos compostos orgânicos e a gente obtém um número. Eles recomendam número 1, que seria o risco de adquirir câncer. Nós chegamos aqui nesse mês a 19. É 19 vezes o que é recomendado para o potencial cancerígeno.”
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Queimada em canavial próximo a rodovia na região de Ribeirão Preto — Foto: Reprodução/EPTV
Queimada em canavial próximo a rodovia na região de Ribeirão Preto — Foto: Reprodução/EPTV
Prevenção
Com a estiagem prolongada na região, as altas temperaturas e as queimadas, moradores de Ribeirão Preto têm enfrentado dias áridos.
A professora afirma que a população sobre os impactos das mudanças climáticas, mas que elas são agravadas pela falta de consciência pela preservação ambiental.
“A prevenção seria ter políticas públicas bastante assertivas para prevenir as queimadas, educação desde os pequenos para falar da importância da preservação ambiental, dos problemas das queimadas. E depois, o combate. Se você tem um combate eficaz e rápido, você não tem um grande problema depois. Precisamos de políticas públicas para estar preparados para o que vai vir.”