
Na quinta-feira (16) o governo britânico confirmou mais três semanas de quarentena no Reino Unido, só que a indicação é de que o confinamento vai ainda mais longe. Pelo menos até meados de junho, segundo o ministro do Exterior, Dominic Raab, que está liderando o país na ausência de Boris Johnson.
Raab insistiu que relaxar a quarentena agora seria imprudente e elevaria substancialmente o número de mortos nesta pandemia. A verdade é que o governo conservador está sendo duramente atacado pelo gerenciamento desta crise – ou a falta dele.
O Reino Unido não tem testes, não tem equipamento de proteção para os profissionais de saúde e sequer tem máscaras à venda para a população. É um contraste muito forte em relação a outros países desenvolvidos do continente, como Alemanha e Áustria, por exemplo.
Até Itália e Espanha, países mais afetados pelo coronavírus na Europa, parecem estar em uma condição mais controlada que a dos britânicos.
Também nesta quinta a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, pediu desculpas ao povo italiano. Der Leyen reconheceu que o bloco deixou a Itália ao Deus dará no início da pandemia.
A líder europeia afirmou que era verdade que ninguém estava realmente pronto para a crise. “Também é verdade que muitos não estavam lá a tempo quando a Itália precisava de uma ajuda no início. E por isso é certo que a Europa como um todo oferece um sincero pedido de desculpas para a Itália. Mas pedir desculpas só vale se houver mudança de comportamento.”
Para colocar esse pedido de desculpas em perspectiva, quando a crise estourou a Itália solicitou ajuda para o bloco e nenhum país se manifestou. Pelo contrário, França e Alemanha proibiram a exportação de suprimentos hospitalares deixando os italianos completamente na mão.
Os países que de fato abasteceram a Itália foram China, Rússia e Cuba, fornecendo desde máscaras até médicos e enfermeiras.
Uma pesquisa recente mostrou que 88% dos italianos acreditam que a União Europeia falhou em ajudar o país, sendo que a principal razão de existir do bloco, pelo menos em tese, é a colaboração contínua entre seus parceiros.
Mas a Alemanha, sócia fundadora da União Europeia, com recursos sobrando para combater a crise, foi uma das primeira nações a fechar as suas fronteiras. Dentro desse contexto, é importante lembrar que a Itália vive um processo de crescimento sustentado do nacionalismo e da extrema-direita.
Ainda que este grupo político, que também prega sentimentos anti Europa, não esteja no poder atualmente, a influência dele no debate político italiano segue forte.
Logo, é razoável pensar que o coronavírus terá consequências duras não só para a saúde pública, mas principalmente para a geopolítica global e até mesmo o futuro da União Europeia, que já vem flertando com o colapso há algum tempo.